Jucimara Gonçalves Bernardo
A instituição escola deve ser por excelência um ambiente seguro e
saudável, onde crianças e adolescentes possam desenvolver, ao máximo, os seus
potenciais intelectuais e sociais.
De acordo com Neto (2005), admitir que
estudantes sofram violências é colaborar para o desencadeamento e aumento de
danos físicos e/ou psicológicos, assim como permitir que várias pessoas
testemunhem tais fatos e se calem para que não sejam também agredidos e acabem
por achá-los banais ou, pior ainda, que diante da omissão e tolerância dos
adultos, adotem comportamentos agressivos.
Segundo Fante (2006, p. n.p) o termo bullying é definido universalmente como sendo:
“Um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento”. Insultos, intimidações, apelidos cruéis e constrangedores, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos, levando-os à exclusão, além de ataques virtuais, através de celulares e internet, (cyberbullying), são alguns exemplos de Bullying.
De acordo com Fante (2006), vários estudiosos sobre o assunto identificaram
e classificaram os diversos tipos de papéis sociais desempenhados pelos seus
protagonistas, por:
§
Vítima típica: aquele que serve de bode
expiatório para um grupo;
§ Vítima provocadora: aquele que provoca
determinadas reações contra as quais não possui habilidades para lidar;
§
Vítima agressora: aquele que reproduz os
maus-tratos sofridos;
§
Agressor: aquele que hostiliza e maltrata;
§
Espectador: aquele que presencia os maus-tratos,
porém, não o sofre diretamente e nem o pratica, mas que se expõe e reage inconscientemente
à sua estimulação psicossocial.
Segundo Neto (2005), as pesquisas sobre bullying só ganharam destaque a
partir dos anos 1990, e estudos indicam que a prevalência de estudantes
vitimizados varia de 8 a
46%, e de agressores, de 5 a
30%3,19.
Fante (2006) atribui às causas de tal comportamento a carência afetiva,
ausência de limites, desagregação familiar, modo de afirmação dos pais sobre os
filhos, através de castigos físicos e explosões emocionais violentas, exposição
constante às diversas cenas de violência exibidos na mídia, etc.
As conseqüências desse comportamento para as vítimas podem ser de ordens
físicas, sociais e emocionais de curto e longo prazo, assim como o
comprometimento intenso do desenvolvimento psíquico da criança, desencadeando
transtornos muitas vezes irreparáveis.
Dependendo da gravidade, Fante (2006), salienta que na aprendizagem as
conseqüências imediatas podem ser notadas através de déficit de concentração e
aprendizagem, queda do rendimento escolar, desinteresse pelos estudos e
abstinência escolar. Ao passo que a longo prazo, pode-se manifestar fobia
escolar e social, dificuldade de socialização e de relacionamentos. Para os
agressores, os prejuízos mais evidentes se manifestam através do distanciamento
dos objetivos escolares, a dificuldade de adaptação às regras escolares e
posteriormente, às regras sociais, a valorização da violência como forma de
conseguir seus intentos. Posteriormente a presença de tendências ao
envolvimento em condutas delituosas, dificuldades de relacionamento na
constituição familiar, no ambiente de trabalho e de convivência social se
tornaram cada vez mais constante.
De acordo com Neto (2005), os principais sinais e sintomas possíveis de
serem observados em alunos alvos de bullying são:
§
Enurese noturna
§
Alterações do sono
§
Cefaléia
§
Dor epigástrica
§
Desmaios
§
Vômitos
§
Dores em extremidades
§
Paralisias
§
Hiperventilação
§
Queixas visuais
§
Anorexia
§
Bulimia
§
Isolamento
§
Tentativas de suicídio
§
Irritabilidade
§ Agressividade
§ Ansiedade
§ Perda
de memória
§
Histeria
§
Depressão
§
Pânico
§
Relatos
de medo
§
Resistência em ir à escola
§
Demonstrações de tristeza
§ Insegurança
por estar na escola
§ Mau
rendimento escolar
§ Atos
deliberados de auto-agressão
§
Síndrome do intestino irritável
REFERÊNCIAS:
FANTE, Cleo. FENÔMENO BULLYING: COMO PREVENIR A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS E EDUCAR PARA
A PAZ. IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO DO CEARÁ – O desafio da
leitura e da escritas, Relações na escola: Valores e Disciplina. ANAIS, 2006.
NETO, AA. Lopes. Bullying – comportamento agressivo entre
estudantes. J Pediatr (Rio J). 2005; 81(5 Supl):S164-S172.