segunda-feira, 27 de abril de 2015

REFLEXÕES SOBRE O SOFRIMENTO ÉTICO POLÍTICO E ANTROPOLÓGICO NA EXPERIÊNCIA DO ADOECIMENTO


                                                                                             Por: Jucimara Gonçalves Bernardo




                Intervir na clínica do sofrimento ético político e antropológico nos moldes da teoria do self, é aprender a disponibilizar-se para o encontro, é prover condições para que o sujeito elabore e ressignifique sua experiência de perda (função orgânica e/ou identidade social perdida).
É possibilitar que este, apreenda que muito mais, que um membro limitado e/ou amputado, um ex-cargo profissional em determinada repartição pública, ele é um homem holístico. Ou seja, dotado de uma vida que perpassa pelas dimensões: física, social, emocional, profissional e espiritual, e por isso, um ser em constante processo de evolução e transformação e não limitado a doença.
No que diz respeito ao profissional da saúde mental, seu papel é o de oferecer ao paciente suporte e inclusão no meio social, principalmente quando todos os demais semelhantes não dispõem de habilidade para suportar e acolher o sofrimento e/ou o medo da finitude.
Assim, o psicólogo ao intervir no campo da saúde mental, precisa atuar como um agente de integração da vida do paciente. Sendo um corpo auxiliar que o ajude a identificar-se de forma concreta com uma representação social, que não seja a redundância de uma função orgânica limitada e/ou pedida. E que a partir, desta nova ressignificação de identidade social, este possa perceber-se reconhecido nas suas interações sociais e possuidor de um valor compartilhado (M. MULLER-GRANZOTTO & R. MULLER-GRANZOTTO, 2012b).
Neste sentido, o modelo teórico e prático de intervenção da clínica do sofrimento ético político e antropológico postulado por Muller-Granzotto; Muller-Granzotto (2012), oferece ao clínico uma possibilidade holística de cuidado em saúde mental. Pois transpõe a dicotomia da medicina curativa (que trata apenas a doença, restringindo-se exclusivamente ao orgânico) e busca pactuar uma rede de cuidado significativa com os agentes provedores da saúde mental. A saber: formada por psicólogo, paciente, família e contexto social.
Ademais, para que este modelo de intervenção seja possível, cabe ao clínico primeiramente compreender em sua relação com o paciente adoecido, o modo como este é convocado a participar do campo e como ele participa da construção dos ajustamentos ético político e antropológico. Visto que, é somente a partir deste diagnóstico de campo, que o clínico terá condições de traçar um plano de intervenção mais assertivo para as demandas direcionadas ao paciente (M. MULLER-GRANZOTTO & R. MULLER-GRANZOTTO, 2012b).
Intervenções estas, que vão desde a ascensão da função de ato, a criação de espaços que prezem pelo exercício da cidadania, o acolhimento, até o incentivo de ajustamentos criadores, que o leve a fazer pedidos e alcançar uma autonomia possível, frente às necessidades e problemas enfrentados com o adoecimento somático (M. MULLER-GRANZOTTO & R. MULLER-GRANZOTTO, 2012b).


REFERÊNCIAS

GRANZOTTO, M. J. M.; GRANZOTTO, R. L. A clínica gestáltica da aflição e os ajustamentos ético-políticos. Rev. de Terapia Gestalt de la Asociación Española de Terapia Gestalt. Vitoria: Ediciones la Llave D.H., n. 30 (Clínica Gestáltica), 2010.

______. Fenomenologia e Gestalt Terapia. São Paulo: Editora Summus, 2007.

______. Clínicas Gestálticas: Sentido Ético, Político e Antropológico da Teoria do Self. São Paulo: Editora Summus, 2012a .

______. Psicose e Sofrimento. São Paulo: Editora Summus, 2012b .

quarta-feira, 8 de abril de 2015


UM OLHAR GESTÁLTICO ACERCA DA AUTO-REGULAÇÃO FAMILIAR



Por: Jucimara Gonçalves Bernardo




RESUMO

O presente artigo tem como objetivo, apresentar a relevância do conceito de auto-regulação organísmica de Kurt Goldstein, e sua relação dialógica com o funcionamento familiar e a depressão infantil, a partir de uma leitura gestáltica. Recorremos para tanto, a uma revisão bibliográfica dos seguintes conceitos: auto-regulação organísmica, ajustamento criativo, dinâmica familiar e depressão infantil. À guisa de conclusão, constatou-se que é através do contato fluido e espontâneo na relação familiar, que criança aprende a se auto-regular organísmicamente, ensaia os primeiros passos para a apropriação da sensação de si - mesmo, e posteriormente manifesta ajustamentos criativos saudáveis ou não-saudáveis, que lhe permitem expressar suas emoções e sentimentos.

Palavras-chave: Auto-regulação organísmica. Depressão Infantil. Família. Gestalt-Terapia.

Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/new1_artigo.asp?entrID=1751#.VT5C4tJViko