Jucimara Gonçalves Bernardo
Antes de me lançar na ontologia de
Heidegger, procurarei revisar rapidamente e não por acaso o significado das
palavras substantivo e verbo. Segundo o dicionário Aurélio:Substantivo é a
palavra com que se nomeia um ser ou um objeto.Verbo é a palavra que designa
ação, estado, qualidade ou existência.Partindo dessa perspectiva, Heidegger
parece nos chamar a atenção, para o originário sentido da palavra “ser” como
verbo, ou seja, o ser em ação, capaz de construir a sua própria existência,
porém dotada de um fim e assim um ser finito, um ser-para-a-morte. Daí a
expressão: eu sou um eterno vir-a-ser, que o verbo ser nos convoca.
Nesta encruzilhada de completude e
incompletude, a angústia antes vista como um movimento afetivo sem causa, sem
objeto, ilusório, agora ganha sentido: a angústia é a prova da própria
existência, ou seja, ela reside porque o ser existe, e não tem domínio total da
sua própria vida; a única certeza que se tem é que um dia morrerá e nem mesmo
sabe como e quando.
Dessa forma a angústia se deve ao nada, ao
não ser substantivo, e assim ultrapassando a visão anterior, o angustiar-se é a
própria afirmação de existência.
Quem de nós nunca se perguntou sobre o que
é, e qual será nosso destino? A sua real causa e seus fins? Eis um
questionamento sem fim, não é? Assim como não se esgota a origem do sofrimento
ao qual chamamos de angústia.
Poderíamos, assim, pensar na angústia como
uma espécie de chamado, uma real convocação do eu substantivo para o eu verbo,
visto que a angústia se encontra tão próxima de nós.
Mesmo sem saber explicá-la, a angústia não
deixa de existir e nem tão pouco deixamos de senti-la, é assim que Heidegger
nos convoca a entender e compreender o movimento constante da nossa existência.
Portanto, eis o sentimento que nos impulsiona a agir, a viver, a prosseguir
nessa enigmática caminhada da vida, a buscar um abrigo, uma razão, enfim, uma
existência como substantivo.
Observação: texto já publicado em 04/08/2010 no site: http://dialogoscariri.blogspot.com.br/2010/08/ser-verbo-ou-substantivo.html, pela referida autora.
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